Brasil: Produza fora, Consuma dentro
Reflexões concisas, digests, e highlights da economia brasileira e global essa semana.
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Se quiser dar um passo além, a gente começou um grupo de até 20 pessoas no WhatsApp como nosso Cohort #1.
Não vamos vender nada.
É só troca real: eu, o Bruno e o time do I'm No Economist compartilhando aprendizados, ferramentas, decisões difíceis e erros de percurso.
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💬 Cohort #1 aberto: grupo de até 20 pessoas no WhatsApp pra trocar ideia e montar, juntos, nossas holdings pessoais
Holding Company Pessoal
Muita gente fala que o Brasil é esse lugar maravilhoso, mas se você prestar bastante atenção, ler os sinais, vai ver que o Brasil te deixa numa situação “sapo na panela” com muita facilidade.
Depois de 10+ anos trabalhando em ambientes de empreendedorismo e tecnologia, olhando pra trás eu consigo ver que quem consegue ter sucesso empreendedor no Brasil (além de dar o sangue, suor, lágrimas) também deu sorte - não sou eu que falo, os próprios empreendedores que deram certo, sabem.
Eu percebi que não podia contar com a sorte, e teria que fazer meu crescimento funcionar de outro jeito.
Seu eu pego minha própria carreira como exemplo, vejo que eu fui muito melhor executivo de startups e pequenas empresas, do que fui fundador das empresas que tive.
Mesmo tendo vendido (por milagre) as duas empresas que tive, não consegui fazer rios de dinheiro e mudar de vida. Mas, quando trabalhei como executivo, principalmente de empresas de fora do Brasil, consegui mudar de vida.
Só que eu não consigo ser simplesmente funcionário de uma empresa, depender de uma fonte de renda e dormir em paz. Eu preciso criar opcionalidade: ter um plano A, B, C, criar mais do que uma fonte de renda e criar side-projects que possam me dar paz interior.
Mas pra conseguir ter capacidade de gerenciar isso tudo, você precisa ter um objetivo, um método e uma vida que consiga suportar tanta informação.
Foi assim que nasceu a ideia da “Holding Pessoal”. A minha ainda está sem nome, mas ela está setada como gestão de projeto no Notion:
O que é a Holding Company pessoal
De forma simples, uma holding company no sentido tradicional é um conjunto de companhias que você é sócio, dono, investidor - bom, um conjunto patrimonial.
No caso da Holding Company Pessoal, penso mais como um conjunto de projetos que caem em duas categorias:
projetos geradores de receita
projetos de criação de equity
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Projetos de geração de receita
Aqui é de onde vem a grana que vai ser investida em projetos de criação de equity. É muito importante que você possa obter o máximo possível de receita, de diferentes fontes, e de preferência com o maior ganho potencial, com o menor trabalho possível.
Veja bem, não é vagabundagem. O negócio aqui é sobre potencial de alavancagem. Por exemplo:
Se você tem um trabalho CLT aqui no Brasil, ganhando R$10.000-20.000/mês brutos, sgnifica que você vai ficar na faixa dos R$7.000-R$13.000 líquidos. Tá pagando 27,5% de imposto, trabalhando pelo menos 40h/semanais
Mas se você tem um trampo gringo que te paga US$ 2.000-3.000/mês, significa que você paga 6-15% de imposto na PJ e fica líquido R$9.000-R$13.000/ líquidos. Sem contar que a probabilidade de você trabalhar menos que 40h/semana é maior - deixando espaço pra você alavancar outras fontes de receita.
Ou seja, saber escolher onde o potencial de geração de valor para a companhia que você trabalha, que tipo de projeto você tem, que moeda você recebe, é super importante.
Projetos de criação de equity
Nesse balde é onde você reinveste seu dinheiro dos projetos de geração de receita. Esse balde é muito importante para que você possa, um dia, ter ativos que te geram receita passiva. É de onde a aposentadoria (parar de sacrificar o presente, pensando no futuro) realmente vem.
Alguns exemplos:
Investimento no mercado financeiro
Investimento em imóveis
Criação de empresas digitais de serviço e/ou tech
Como alavancar projetos de geração de receita
Hoje vou focar em falar mais sobre como melhor alavancar projetos de geração de receita. E eu não podia deixar de dizer que o Brasil não é o melhor lugar para você produzir.
Não caia nessa do “Brasileiro nasceu empreendedor”
Pode até ter nascido. Mas mais por necessidade, do que tino. E sem dúvida morre mais fudid* do que empregado.
Os incentivos para empreender no Brasil são guardados para algumas bolhas, tipo a do agronegócio e varejo, mas não vão para indústria, ciência, infraestrutura, etc.
Dados Fiscais do Brasil:
O Brasil possui uma das cargas tributárias mais elevadas do mundo, consumindo uma parcela significativa da renda de indivíduos e empresas. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), a carga tributária bruta do Brasil atingiu 33,90% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 [Fonte: IBPT - Carga Tributária Brasileira 2023].
Um estudo do Banco Mundial aponta que as empresas brasileiras gastam, em média, 1.501 horas por ano para preparar, declarar e pagar impostos, enquanto a média na América Latina é de 329 horas [Fonte: Banco Mundial - Doing Business 2020].
Contexto Histórico:
A história econômica do Brasil é marcada por um certo favorecimento ao rentismo em detrimento do empreendedorismo.
O "pacto colonial", estabeleceu uma lógica de exploração dos recursos naturais da colônia em benefício da metrópole, desestimulando o desenvolvimento de uma indústria local forte e diversificada.
Essa herança histórica contribuiu para a formação de uma cultura que valoriza a posse de ativos de produtividade baixa (como terras e imóveis) como forma de acumulação de riqueza, em vez da criação de negócios e geração de valor.
O Declínio da CLT:
A CLT, criada para proteger os direitos dos trabalhadores, enfrenta o desafio de se adaptar às novas realidades do mercado de trabalho. A flexibilização das relações trabalhistas, impulsionada pela globalização e pelas novas tecnologias, tem levado a uma precarização do emprego e a uma redução do poder de compra dos trabalhadores. A crescente informalidade e o aumento do trabalho por conta própria também refletem as transformações no mercado de trabalho brasileiro.
O Brasil como Mercado Consumidor:
Apesar dos desafios para a produção, o Brasil continua sendo um mercado consumidor relevante, com uma população numerosa e um mercado interno diversificado.
No entanto, para empreendedores e profissionais que buscam construir negócios escaláveis e com alto potencial de crescimento, o ambiente de negócios em países do Hemisfério Norte, com infraestrutura mais desenvolvida, menor burocracia e maior segurança jurídica, pode ser mais favorável.
Por isso, trate-se como um empreendedor, trabalhando para fora (de preferência Norte Global)
1. Posicionamento: você é uma empresa, não uma pessoa
Se você presta serviço, você é uma empresa - mesmo que não tenha logo, CNPJ ou funcionário.
A diferença entre o freelancer brasileiro mal pago e o consultor internacional valorizado começa aqui: no jeito de se ver.
Empresas têm proposta de valor clara. Têm entrega previsível. Têm margem.
Pessoas só têm tempo. E tempo, sozinho, não escala.
Se você trata sua carreira como um negócio, começa a pensar diferente:
Você tem produto, não apenas "horas disponíveis".
Você tem cliente ideal, não "qualquer job".
Você constrói reputação digital, não só portfólio.
E você toma decisão baseada em alavancagem, não em urgência.
2. Internacionalize: escolha pra quem você quer vender primeiro (EUA ou Europa?)
Você vai continuar morando no Brasil. Isso não te impede de faturar em dólar ou euro.
Abrir uma conta na Nomad ou Wise (não é publi) já resolve 90% do problema técnico.
A questão real é: pra onde mirar seu esforço comercial?
🇺🇸 EUA
Ótimo se você vende performance: growth, tráfego, copy, vendas, SaaS.
Clientes valorizam velocidade, pragmatismo e entrega.
Pagam melhor, mas cobram resultado e comunicação direta.
🇪🇺 Europa
Boa opção pra quem vende design, UX, branding, conteúdo, educação, sustentabilidade.
Clientes têm processo mais lento, gostam de contexto e relação.
Pagam bem, mas exigem formalidade e previsibilidade.
O idioma geralmente será o inglês, em ambos. Mas a vibe muda:
O americano quer saber o que você entrega amanhã.
O europeu quer entender como você pensa.
Você não precisa escolher um só. Mas comece com o que tem mais fit com seu jeito de vender - e só depois expande.
3. Oferta: o que você vende que alguém pagaria em dólar ou euro?
Você não vende esforço. Você vende um resultado que alguém do outro lado do mundo prefere pagar caro a fazer sozinho.
Então pare de dizer que você é "rápido, responsável e comprometido". Isso é o mínimo.
Construa uma oferta como produto:
Problema claro que você resolve.
Framework ou processo que transmite confiança.
Casos reais com números (mesmo pequenos).
Versões da entrega: pacote base, completo, acompanhamento.
Preço ancorado no retorno ou economia que você gera — não no seu tempo.
Se você ainda tem dúvida sobre “o que vender”, comece prestando atenção no que as pessoas já pedem. Muitas vezes, sua oferta já existe - só falta embalar direito.
4. Presença digital: como vão te encontrar e confiar em você?
Ninguém vai te pagar em dólar se não conseguir te encontrar — ou pior, se te encontrar e não confiar.
Você precisa parecer alguém que:
Já fez aquilo que promete.
Entende o problema do cliente melhor do que ele mesmo.
Vai entregar sem dar dor de cabeça.
Isso significa:
LinkedIn como seu site principal. Escreva posts que mostram como você pensa. Conecte com clientes ideais.
Página simples com seu serviço, caso real, e botão de contato. Nada de firula.
Perfis em plataformas estratégicas (Upwork, Contra, Toptal) só como canal de aquisição, não como único canal.
Inglês bem escrito (não precisa ser perfeito, só claro e sem desculpa).
Prova social: print, depoimento, nome de cliente, case anônimo com número.
Você não precisa parecer uma agência. Precisa parecer um profissional global que não vai sumir depois do primeiro pagamento.
Quer continuar acompanhando?
Eu mostro como comecei a construir uma carreira internacional mesmo morando no interior do Brasil, sem passaporte europeu, sem prometer que ia virar nômade digital em Bali.
Se quiser trocar ideia com quem também tá montando sua holding pessoal, entra no grupo de WhatsApp.
Nos vemos lá:
Isso aqui faz muito sentido pra mim! Eu sou uma psicóloga que sempre teve 2 empregos e sempre pensei exatamente como você - só que obviamente menos estruturado e com menos palavras bonitas hahaha.
Eu sou imigrante na Europa e eu sempre falei isso: ganhe fora do Brasil, consuma (e invista) no Brasil.
Eu adicionaria na lista do criação de equity, educação (formal e informal). Dentro da minha realidade e da realidade de pessoas parecidas comigo pessoal e profissionalmente, esse tipo de “asset”, quando executado com estratégia (assim como todo investimento gerador de renda) é um dos mais (e eu arrisco falar o que mais é) rentável. Saber investir para se tornar um profissional com um ticket maior ou com um serviço de maior abrangência é sem dúvidas um excelente gerador de renda em curto, médio e longo prazo.
Adoro a newsletter :}